Dia do Pai: 3 jardins de visita obrigatória em Lisboa

16 Março 2023

Tal Pai, Tal Filho! Celebrado a 19 de Março, o Dia do Pai este ano é num Domingo. E o melhor do mundo merece o melhor de nós, o nosso tempo e a nossa companhia. Experiências há muitas, mas a nossa sugestão é que este dia seja celebrado ao livre, faz bem e recomenda-se.  Aproveite para explorar o que Lisboa tem para oferecer. Descubra os jardins espalhados pela cidade, conheça a história que esteve na sua origem, contemple as plantas e as árvores, fazendo deste um dia memorável para toda a família.

Cidade das sete colinas, Lisboa é famosa pelas suas praças e jardins pitorescos, que oferecem momentos de relaxamento no centro da cidade. Os espaços verdes criam o equilíbrio perfeito entre o ambiente urbano e natural e afirmam-se como o lugar onde a natureza e a cultura se encontram. Além de contribuírem para o equilíbrio ecológico e para a redução da poluição do ar e do ruído e proporcionarem um refúgio para a fauna e a flora, os jardins são também um lugar de convívio, onde locais e visitantes desfrutam de actividades ao ar livre, como piqueniques, caminhadas, corridas, entre outras.

Parte vital do centro urbano, os jardins emblemáticos de Lisboa representam o melhor dos dois mundos: a natureza e a cidade. É importante preservá-los, não só para o bem-estar individual, mas também para a prosperidade da cidade como um todo.

As nossas sugestões:

  • Jardim Gulbenkian

Por entre árvores e estátuas, um grupo de crianças brinca às escondidas. Junto ao lago, alguns amigos piquenicam animadamente, enquanto, no anfiteatro, há quem aproveite a hora de almoço para pôr a leitura em dia ou simplesmente descontrair. Uma família de patos passeia-se pelo relvado, seguida pelos olhos atentos de um bebé, ao colo da mãe. E pelos recantos abrigados, casais namoram e fazem promessas que o tempo irá testar.

Estamos no jardim da Fundação Calouste Gulbenkian, um lugar de lazer, cultura e natureza, mas também um símbolo do movimento moderno em Portugal e uma referência para a arquitectura paisagista nacional. Inerente ao projecto, estão as suas preocupações ambientais e de sustentabilidade, que podem ser integradas no design paisagístico, assim como a crescente preocupação com a gestão da água no jardim. O uso de plantas nativas e a promoção da biodiversidade são algumas das estratégias implementadas no jardim.

O espaço, tal como hoje o conhecemos, resultou do projecto dos arquitectos paisagistas António Viana Barreto e Gonçalo Ribeiro Telles, elaborado nos anos 60 do século XX e distinguido com o prémio Valmor, em 1975. Tendo como base uma geometria subtil e fazendo uso da paisagem nacional na sua dimensão ecológica e cultural, a proposta de Viana Barreto e Ribeiro Telles apresenta um jardim único e novo, feito de espaços e ambientes que nos são familiares. Este é o jardim moderno no auge da sua expressão.

Trabalhada em estreita colaboração com os arquitectos do complexo de edifícios da fundação, Alberto Pessoa, Pedro Cid e Ruy Athouguia, a concepção dos espaços verdes, ficou também marcada pela inovação das soluções, presente, por exemplo, na drenagem e aproveitamento das águas, no sistema construtivo do lago, na criação artificial do ecossistema húmido das suas margens, na plantação e fixação de árvores sobre laje e na utilização de terraços ajardinados.

De então para cá, o jardim evoluiu na sua fisionomia. As grandes áreas de relvado, em diálogo com jovens maciços de vegetação e algumas árvores provenientes ainda do velho parque, foram dando lugar a uma floresta frondosa e variada, onde pequenas clareiras e recantos surpreendentes se vão abrindo aos passos de quem a percorre. Denominado de amadurecimento, este é um processo feito a duas mãos, entre a Natureza e o Homem, onde à passagem do tempo se acrescentam um planeamento rigoroso e uma manutenção constante.

Na viragem do século, a necessidade de adequar o jardim a novas solicitações determinou uma nova intervenção de fundo, liderada pelo Arquitecto Paisagista Gonçalo Ribeiro Telles. A proposta passou pela manutenção do conceito original do jardim, controlando os pontos negativos do envelhecimento e tirando partido dos aspectos interessantes criados pelo natural crescimento da vegetação. Das obras já realizadas contam-se a limpeza e o desbaste de vegetação, a abertura de novos percursos e zonas de fruição e a consolidação da orla do jardim, recorrendo a espécies do seu património genético.

Mais recentemente, em 2019, foi apresentado o projecto do arquitecto japonês Kengo Kuma e do arquitecto paisagista libanês Vladimir Djurovic, vencedores de um concurso internacional de ideias para o alargamento dos jardins da Gulbenkian e para a reformulação do Centro de Arte Moderna (CAM). O projecto visa criar uma integração holística de todos os elementos paisagísticos, construindo um novo diálogo entre o edifício do museu e o jardim circundante. O design proposto é inspirado na tipologia “Engawa” encontrada em casas e jardins tradicionais japoneses, criando um telhado baixo que serve como filtro entre o museu e o jardim, proporcionando um espaço para os visitantes interagirem com a natureza e entre si. A conclusão do projecto de expansão está prevista para a primeira metade de 2024.

Tudo para que o jardim da Fundação Calouste Gulbenkian se continue a assumir como um verdadeiro oásis no centro da cidade de Lisboa, fazendo parte da vida de novas gerações de portugueses.

Morada Av. de Berna, 45A, 1067-001 Lisboa

Contacto +351 217 823 000

  • Jardim Botânico da Ajuda

Espaços dedicados, por excelência, à natureza, os jardins históricos são ao mesmo tempo partes importantes da nossa memória patrimonial. O Jardim Botânico da Ajuda – o mais antigo jardim botânico de Portugal – é um jardim histórico, cujas componentes histórica, científica e artística fazem dele um elemento patrimonial de valor nacional. Criado no século XVIII, o Real Jardim Botânico da Ajuda surgiu por influência de Miguel Franzini, professor dos netos de D. José I. Para levar a cabo essa ideia, o professor convidou um botânico italiano de Pádua, Domenico Vandelli, que, por sua vez, trouxe consigo Julio Mattiazze para o ajudar a delinear o jardim.

Marcado pelo Iluminismo e pelas ideias científicas que estavam na base de todas as iniciativas desse período, este jardim nasce já com um objectivo científico de conhecimento botânico e não meramente como espaço de lazer. Este foi o primeiro jardim botânico em Portugal desenhado com o objectivo de se manterem, estudarem e coleccionarem o máximo de espécies do mundo vegetal. Para iniciar a colecção botânica, Vandelli encomendou plantas vivas e sementes dos mais ricos hortos botânicos da Europa. Depois disso – e porque a intenção era tornar o jardim tão rico quanto possível –, já nos finais do século XIX, a Casa Real enviou missões botânicas às possessões portuguesas ultramarinas, com o objectivo de trazerem herbários e plantas vivas (tornando assim possível estudar a flora local). Em consequência destas diversas missões, Vandelli conseguiu instalar e aclimatar cerca de 5000 espécies no jardim. No entanto, depois da queda da monarquia, o jardim conheceu um grande período de abandono.

A preparação do projecto de restauro foi iniciativa do Conselho Directivo do Instituto Superior de Agronomia (ISA) presidido pelo Eng. Francisco Castro Rego e assessorado pelos professores João Pedro Bengala Freire, Fernanda Cabral e Cristina Castel-Branco. Aprovado em 1993 e levado a cabo entre 94 e 97, o projecto de recuperação do Jardim Botânico da Ajuda visou essencialmente preparar o jardim, enquanto espaço verde privilegiado de Lisboa, para receber o público nacional e estrangeiro. Por outro lado, um dos objectivos que presidiu igualmente a este restauro foi a intenção de garantir a sua origem botânica, e ainda o usufruto do jardim de uma forma não científica, pelo que se impunha oferecer o jardim como um espaço de lazer bem preparado para o público e debruçado sobre o rio Tejo. Do projecto de recuperação, fez parte a criação do Jardim dos Aromas, especialmente desenhado para Cegos. As suas tabuletas em braille e as plantas expostas em alegretes levantados permitem não só identificar as espécies, mas também tocá-las e cheirá-las.

É no Jardim Botânico da Ajuda que se encontra o dragoeiro mais antigo de Lisboa, transplantado para o jardim em 1768, quando já era adulto. Hoje, é considerado um símbolo do jardim e apresenta um elevado valor histórico e botânico.

Morada Calçada da Ajuda s/n, 1300-011 Lisboa, Portugal

Contacto +351 213 622 503

  • Jardim Amália Rodrigues

“O Homem sonha e a obra nasce”. Foi precisamente por volta do 25 de Abril de 1974 que o Arquitecto Ribeiro Telles começou a trabalhar num sonho antigo, na criação de um corredor verde na cidade de Lisboa destinado a peões e a ciclistas – complementado com espaços de recreio – a pensar nas necessidades da cidade de Lisboa do século XXI. Um sonho que começou a ter visibilidade quando em 1996 foi concluído o Jardim do Alto do Parque, que em 2000 foi renomeado para homenagear a fadista Amália Rodrigues. O jardim apresenta-se como uma peça de um puzzle, que num todo compõe o Corredor Verde – que, por sua vez, faz parte da Estrutura Ecológica da Área Metropolitana de Lisboa – integrado numa nova concepção de urbanismo, destronando os conceitos românticos ou neoclássicos tão em voga em décadas mais longínquas.

Quem percorre e decide explorar o que está para além do Parque Eduardo VII, depara-se com um jardim de uma beleza singular. A sua localização, na encosta Sul da cumeada que limita o Parque Eduardo VII, confere-lhe uma vista panorâmica única. É possível descobrir a cidade sob duas perspectivas: a Baixa Pombalina, o Castelo S. Jorge e S. Pedro de Alcântara e mais ao longe, a Serra da Arrábida e o morro do Castelo de Palmela.

Próximo desta zona, eleva-se uma colina – o ponto mais alto do jardim – que fica no alinhamento do Castelo de S. Jorge e do Castelo de Palmela, em que se vislumbra uma magnífica vista sobre o Tejo através do vale da Avenida da Liberdade. Do lado norte do jardim existe uma outra colina voltada para a parte planáltica da cidade, a “Colina do Segredo”, em que se pode deslumbrar a cidade desenhada por Ressano Garcia, avistando-se as serranias da Brandoa.

Inserido no Jardim Amália Rodrigues, há um espaço com uma esplanada junto ao lago, o Linha d’água, que serve pratos leves e oferece uma vista panorâmica para o rio Tejo. No Dia do Pai, esta pode ser a escolha para uma refeição em família, num ambiente tranquilo e agradável.

O relvado do jardim fica apenas reservado para as áreas de desporto livre que possibilitem a sua prática, enquanto a extensão dos percursos permite um passeio com constantes alternativas de interesse. São ainda criadas condições de um ambiente saudável. Por sua vez, faixas de gramíneas idênticas às que surgem, douradas, nas bermas das estradas, delimitam a zona entre a clareira e o bosque. Uma passagem superior para peões e bicicletas faz a ligação do Jardim Amália Rodrigues ao prado do Palácio da Justiça, continuando até Monsanto.

O Corredor Verde de Monsanto é um projecto a pensar no futuro da cidade, uma vez que Lisboa caminha para um meio artificial cada vez mais seco, consequência da grande densidade de prédios e superfícies impermeáveis. O corredor, que começa nos Restauradores, prolonga-se pela Av. da Liberdade, Parque Eduardo VII, Alto do Parque, prado do Palácio da Justiça, Jardins dos Jogos (entre o Bairro Azul e a Universidade de Campolide), Jardins de Campolide, entrando em Monsanto pelo Centro de Recepção ao Parque Florestal – apresenta-se como uma estrutura contínua que integra vários espaços verdes urbanos onde os residentes poderão encontrar um espaço de recreio que contribuirá para a melhoria da sua qualidade de vida.

Morada Alameda Cardeal Cerejeira, 1070-051 Lisboa

Contacto +351 915 225 592

© Companhia das Cores para Horto do Campo Grande